quinta-feira, 18 de março de 2010

PARA O DIA DA POESIA

Nesta casa pequena, quente
falta-lhe espaço - caminhos de vento, chuva, sol.
A outra casa
varrida pelo vento
banhada pela chuva e sol
ecoa choros, cantares, conhos:
hoje é uma casa qualquer
numa rua qualquer
- sem choro, sem canto e encanto.

terça-feira, 2 de março de 2010

C A R T A S

guardadas na caixa
desbotadas
sexagenárias.
Nas linhas e entrelinhas
linda história de amor:
primeiro encontro
primeiro beijo
o ciúme
a valsa azul
na festa da despedida
- a s a u d a d e...

SAUDADE

a Jorácio

Onde as marcas do amor
em sonhos depositadas
rosa brancas / vermelhas rosas
desfolhadas ao vento da tarde?

Onde os sonhos / brancas mãos
entrelaçados dedos / em manhã doirada
felizes dias / construindo amores
ao longo dos caminhos / ardentes de sol?

Onde as tardes / multicores
longos abraços
docemente emolduraram / rostos
presença /ausência?

De repente
estrela azul caiu...
No negror da noite
restou a saudade...

(Para Jorácio, no aniversário de sua partida)

Ah Jorácio,
Se eu pudesse, meu pensamento não deixaria você. Voltaria no tempo e abraçava-o, aconchegando-o mornamente. Embalava-o em seu berço balouçante, como o fiz em muitas em muitas noites mal dormidas.
Ah Jorácio,
Se eu pudesse, esperaria você todas as noites quando retornava da escola, para abrir a porta e sentí-lo feliz, em casa.
Ah Jorácio,
Se eu pudesse, você não teria saído naquele dia, em que não retornou...

(Para Jorácio, as marcas de minha saudade)