sábado, 4 de agosto de 2012

LOUVOR DE SERTANEJO, de Maria José Mamede Galvão

Gratidão, louvor a Deus pela Estrela d´Alva
prenúncio de luz - cores ao amnhecer.
Oro, ante contrastes da terra do Seridó:
da janela,canto a natureza para agradecer
a Deus - Pico do Tororó, Sant´Ana, devoção
primeira do que fincaram marcas de poder.

Louvor a Deus e às belezas da terra
- cactus espinhentos e sombras do juazeiro
cardeiro em flor, tamarineiras pelos caminhos
ofertando sombra e frescor ao caminheiro!
Olho os céus, faço uma prece de joelhos:
 - meu Deus, mande chuva o ano inteiro!

Oh Deus, do chão o minério acabou
sumiram as flores amarelas do algodão!
Oh Deus, proteja o homem sertanejo:
dê-lhe coragem, força, amor no coração,
dê-lhe saúde, paz, Luz - mostrando
seus caminhos -, semelhante à oração!

Louvo a Deus, pelas serras aniladas
vento quente varrendo pedras, varrendo chão!
Louvo a Deus, pela Pedra do Navio-Cruzeiro,
Festa do Agricultor, da Imaculada Conceição!
Pelo Cristo-Rei, nos abraçando
- agradeço pela Fé, pelo Amor no coração!

De cactus brotam flores - as do cardeiro
tal qual estrelas nos alvores do sertão!
Do facheiro aveludado, espinhos rogam aos céus
o milagre da chuva, semelhante a oração!
Meu Deus! Agradeço compungida, esse milagre:
águas do céu, águas da terra pra banhar meu coração!

(Poema elaborado em homenagem à Festa de Sant´Ana de Currais Novos).

PARA SEMPRE, Carlos Drumond de Andrade

Por que Deus permite que as mães vão embora?
Mãe não tem limite, é tempo sem hora,
Luz que não se apaga quando sopra o vento
e a chuva desaba, veludo escondido
na pele enrugada, água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece com o que é breve
e passa sem deixar vestígio.

Fosse eu o Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre
junto de seu filho e ele, velho embora,
será pequenino

Feito grão de milho.

(Socializo este belíssimo poema de Drumond  para uma reflexão com Mães e Filhos deste Brasil. Meu abraço, Maria José).

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Minha casa

                           aos amigos

Minha casa, tem cheiro de mim
parece comigo. Tem flores e quadros
sinos de vento tinindo, tinindo
tal cadência de cabras marcando
compasso de volta ao curral
à tardinha, chegando.

- Os sinos tocam: pode entrar.
- Mas, antes, tire os sapatos
e dexe-os atrás da porta
para a sala não sujar.
- A casa é sua, pode na sala sentar.
Fique a vontade, para as fotos olhar.

- As mágoas, deixe-as lá fora
para o vento maroto levar.
Junte os segredos aos meus,
guardando-os em partes iguais
perto do vaso de flores,
para sempre relembrar.

-Os poemas, pode ler, se quizer:
versos para de amor falar.
- Ao sair, nunca esqueça:
falamos dos sonhos mais lindos,
e tristezas, é bom apagar.
- Sim, não esqueça dos sapatos calçar!

- Retratos de amores ausentes,
em meu quarto, é bom olhar.
Bolsas, colares de cores à mostra
e um espelho para me arrumar.
Jesus, Santa Rita e a Mãe dos Aflitos
são para à tarde o Terço rezar!

Encontro inesperado

Na tarde tão distante

teu abraço Pai, tornou-me frágil

ínfima para mudar meu destino...

À noite, as estrelas confundiram-me:

rolou pranto em minha face.

domingo, 8 de janeiro de 2012

AQUARELA

Todos ainda dormem.
E o sereno da manhã nascitura
veste de branco
(como num instante úmico)
o verde dos roçados bordados
de flores amarelas
respirando, de longe, o ar
que das serras desce.

E folhas secas
enroladas pelo vento andarilho
forram os caminhos quentes da tarde
minorando as dores e a solidão
ao retorno do homem sertanejo.

sábado, 7 de janeiro de 2012

QUANDO MEU NATAL CHEGOU?

Quando meu Natal chegou?
Não lembro órgão tocando
nem vozes sonoras em festa
na Matriz, sinos bimbalhando!

Não gravei cânticos das Lapinhas
nem imagens alegres de ceias.
No Natal, apenas, voz de Mamãe
chamando todos a dormir.

No outro dia, chinelinhas
de arrasto se enfeitaram com
bebés de celulóide, bonecas de pano
e um punhado de confeitos coloridos...