segunda-feira, 12 de julho de 2010

O outro lado

Sopra o vento frio da manhã sertaneja.
Faz coro aos pardais, aos chiados de vasouras
de palha varrendo folhas secas, enroladas na minha rua.

A cidade está nua de gente
de carros espanlhando sons e ruídos
alarmantes - músicas gritantes aos meus ouvidos.

Todos dormem. Cavalos não troteiam
mais. Apenas, dormem. Seus cascos não repetem
a música das cavalgadas longínquas em estreitas veredas.

Nem desenham os caminhos
estreitos nas manhãs/tardes/noites formatados
no pátio da vaquejada para o brilho dos vaqueiros!

E os bois, machucados e sonolentos
ruminam sede e fome. Todos sonham com o capim verdinho
dos pastos, e a água corrente dos riachos defrescantes.

E os vaqueiros? Que dizer também
do corpo cansado, de noites insones, da saudade?
De onde seus sonhos? Seus desejos? Seu alvorecer?

2 comentários:

  1. Olá!

    Adorei teu blog, é maravilhoso! Teus poemas lembram alguns textos do Drummond em uma mistura com Alfhonsus de Guimaraens. Não é só porque eu gosto daqueles caboclos de lá, mas é que num estilo todo teu faz-me sorrir com a sutileza da reflexão, a beleza pueril e detalhista dos versos.

    Escreves muito bem, querida.

    Um beijo.

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  2. Prezado Ricardo,
    Boa tarde!

    Fiquei bastante feliz com o comentário que você fez ao meu poema "O outro lado". Minha intenção era exaltar uma Cavalgada que acontece anualmente em homenagem à Padoeira Sant´Ana, e, ao mesmo tempo mostrar o reverso da medallha. Pelo seu belo comentário, acho que consegui.
    Sou fascinada pela minha terra - o Seridó -, região da caatinga do RioGrande do Norte.

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