sexta-feira, 9 de abril de 2010

EMOÇÕES EM ACARI

Grandes emoções permeiam o ser humano em cada aurora, em cada anoitecer, em momentos especiais.
São mudanças internas, variações do espírito-corpo que ocorrem no homem, manifestando-se como tristeza, alegria, abalo moral, comoção, raiva, amor... Para que aconteçam essas mudanças existem os motivos. Difícil é prever a hora, o dia em que possam ocorrer... Contudo, há fases da vida em que as emoções afloram com maior intensidade... Enfatizo a adolescência, onde o novo, o sonho se sobrepõem com grande força. Mas, esse preâmbulo é, apenas, para eu falar sobre emoções sentidas em Acari!
Foi em 1951, depois do encantamento e alegrias de nosso casamento, a 5 de maio: viajando de automóvel - Natal/Acari -, tive o encontro com o novo, ao divisar aquela pequenina cidade, incrustada num colar de serras azuis, da cor de anil...Emocionei-me ante aquela paisagem inesperada, tão bela e tão diferente de outros caminhos pisados... Aí, naturalmente, tive que guardar meus sohos e vivenciar uma realidade nunca antes imaginada! Emoção maior, foi o contato com outras pessoas, diferentes em seu modo de pensar e de agir, e cujos códigos de vida teria que assimilar e acrescer aos que trouxera comigo.
Em nossa cultura, maio é o mês das flores, das noivas, do culto à Maria, Virgem e Mãe! É o mês que nos fala de anjos aloirados, de orações, de cânticos sublimes, de incensos perfumados, de altares revestidos de flores coloridas.. Portanto é tempo de emoções: um misto de saudade e pesar; de tristezas e alegria...
Situo-me, então, na Matriz da Virgem Mãe da Guia, numa noite de maio em Acari: 10 de maio de 1951, aniversário de Juarez; noite patrocinada por sua famíia, nos moldes tradicionais da época. Um banco de madeira marcado com as iniciais da família nos acolheu naquela noite singular; junto a nós, sua mãe, irmãs e outros familiares. As mulheres usavam mantilhas de renda protegendo-lhes as cabeças, e portavam um manual religioso. Eram gestos costumeiros para acompanhar as orações inerentes àquele ato litúrgico, tradicional, como algumas leituras, ainda em latim.
Ao adentrar, pela primeira vez, no átrio da Matriz da Virgem da Guia, o fervor religioso uniu-se à contemplação à beleza do lugar: meus olhos extasiaram-se ante a visão dos santos nos altares e à imgem do Cristo, no alto, por trás do altar-mor, com os braços estendidos, como se estivesse relembrando seu sofrimento no Calvário.
Há muitos anos, participo, ainda, de momentos de grande emoção nas novenas e missas durante a Festa da Padroeira. Nesses momentos ímpares, a emoção se extravasa em lágrimas vertidas, impulsionadas pelo amor e saudade dos que não se encontram mais perto de mim. E durante a Missa solene de 15 de agosto, uma emoção sublime releva meu ser, anualmente, ao escutar o cântico "Coros Angélicos", uma louvação à Maria Imaculada; "O Glória" (Felinto Lúcio Dantas), e o poema "Magnificat", de Maria Santíssima. Nesses momentos, minh ´alma transporta-se ao infinito, através das vozes angelicais dos sopranos e barítonos do Coral "Amália Rodrigues de Carvallho".
Mas, "Há sempre um momento no tempo em que uma porta se abre para deixar entrar o futuro" (Grahan Green). E foi assim... uma nova porta abriu-se modificando meu modo de pensar... uma nova forma de ver o mundo passou a guiar minha vida... O tempo, amigos, se não sabem, se escorrega de mansinho, como gotas d´água, no encontro angular dos dedos.
E só o tempo registrará novas emoções permeando nosso caminhar na vida:
[...] No novo tempo que virá
quero cantar a canção que não cantei
ao te encontrar, ao te abraçar...
pelas estradas da vida
agora solitários caminhos sem você... [...]

* Para ser publicado no blog acaridomeuamor.nafoto.net, agradecendo as inúmeras mensagens
recebidas pelo dia de meu aniversário comemorado em Acari: dos familiares, amigos alunos e a Jesus, pela mensagem carregada de carinho e ternura por ele publicada.

2 comentários:

  1. As emoções são para sempre o caminho às memórias vívidas, soltas e livres, num verso, num canto...

    Ser Feliz! Isso ajuda...
    Grande Abração!

    ResponderExcluir
  2. Emoções.
    O que se estas não existissem?
    Belo texto memorialístico.

    Um abraço,

    Eme

    ResponderExcluir