segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Dança da libélula

Percorri os caminhos das ciências dos homens
- animais, plantas, terra, água, céus, mas nunca vi
uma dança no ar. Mas, a libélula,de asas diáfanas, doiradas de sol,
movimentava-se como as bailarinas clássicas, rodopiando, rodopiando,
tal pião solto do fio... Sempre apressada, trocava de lugar através do mimetismo
entre caules e folhagens verdes e amarelas... Eram imagens
e ecos da disputa entre uma libélula e um sapo.

Ouvi falas de animais, de homens, do vento, da chuva
mas nunca escutei a música da dança da libélula
- bater de asas girando, girando com rapidez -, ao som
da orquestração de besouros e cigarras,
ludibriando sapo asqueroso com seus gestos.

Vi o teatro da natureza - serras azuis -, cortina verde
em palco cheio de flores, muitas flores, animais,
ouvindo-se o canto do sabiá. Mas, nunca vi uma libélula,
numa dança, em instantes, abrir incisão em talo verde:
aí, escondeu seus ovos da língua fina e afiada dum sapo.
Num labor constante, este queria roubar-lhe,
em ágeis movimentos, seu maior tesouro,
gerado do amor materno.

Somente o tempo e a ciência encontraram a conclusão...

(Postado por Maria José Mamede Galvão, inspirada em programa de televisão sobre o tema: "Coisas que meus olhos não alcançam").

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