segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tributo a Zila

Se você estivesse entre nós, eu cantaria uma canção, como seu canto de amor à terra, com versos de flor do campo; faria ume coroa de girassóis amarelos e do vermelho do milharal em flor, para lhe adornar... Mas, "procuro em vão os milharais vermelhos, de vermelhas papoulas adornando as vaidosas tranças das espigas, bonecas brancas, minha meninice"...que ficou distante de nós, escorregou nas águas, voou com as palavras, perdeu-se no tempo... [...]

Se você estivesse esperado mais, teria visto do alto de sua janela, naquela manhã, que a chuva estava com seu véu finíssimo prestes a escorregar das nuvens, e o sol continuava oculto. O mar, então, não recebia seus raios coloridos, cheios de magia e encantamento... nem suas ondas beijavam as areias, languidamente... A suave brisa do mar estava fria e as areias molhadas - antes quentes e fofinhas -, não ofertavam o lugar ideal ao exercício de seu corpo e de sua mente, em tempos de conversas com versos... Mas, você estava ansiosa por liberdade - pelo passeio nas areias da praia; pelo encontro matinal com seus amigos-poetas; pelo abraço à imensidão do mar e pela suavidade e carinho de suas águas ecorregando em seu corpo...

E você partiu cheia de graça antecipada. Sua alma, impregnada de lirismo, em canto de amor ao mar, como você anunciou em sua canção: "Quero abraçar, na fuga, o pensamento da brisa, das areias, dos sargarços; quero partir levando nos meus braços a paisagem que bebo no momento". E agora, o sussurro de sua voz: "Empossei-me dos caminhos convergentes para o mar... Fui areia, agora búzios chamando os ventos do mar... Agora nascida estrela, algas, recifes coral, não me contentam areias nem me prende litoral... Sou como o sal das salinas pois fui nascida no mar"...

E junto aos irmãos, à família, aos amigos, à natureza - parceiros de seu caminhar no mundo - minha voz se eleva neste canto de amor!

ZILA, DEUS LHE ABENÇOE!

(Texto publicado em 20 de outubro de 2008, no Diário de Natal, atualizado em outubro de 2009,
homenageando minha irmã Zila Mamede, pela data de 13 de dezembro de 1985, quando o mar a levou de nosso convívio).

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